Enquanto nos ajustamos às novas condições de vida perante o corona vírus, os nossos comportamentos e hábitos estão rapidamente a mudar. Qual vai ser o impacto destas mudanças nos negócios à nossa volta? Será que vale a pena investir em algum negócio nos tempos que correm? A resposta é sim: mas não nos moldes a que estávamos habituados. Atualmente é possível ver três grandes tendências nos negócios:
- Os vencedores: negócios que vão beneficiar com o vírus
- Os perdedores: Negócios que vão entrar em recessão
- Os imprevisíveis: Aqueles que só o tempo dirá.
A terceira categoria é a mais interessante de acompanhar, porque são as medidas que irão tomar nestes primeiros tempos que vão determinar onde se irão enquadrar no futuro. Se no primeiro grupo (os vencedores) ou no segundo grupo (os perdedores). Vamos tentar perceber cada grupo em particular.
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Os vencedores
Os setores que iremos descrever acabam por ser os mais felizardos no meio da pandemia, e irão ser bem sucedidos (se mantiverem um nível de qualidade mínimo). A estratégia natural para este tipo de negócios é investir agressivamente nas novas oportunidades de crescimento.
Marketplaces Online (tipo Amazon, AliExpress, etc.)
Cada vez há mais pessoas a fazerem as suas compras online. A Amazon por exemplo, vai criar 100.000 novos postos de trabalho para responder à nova procura criada pelo corona vírus. Outros marketplaces estão a debater-se para criar soluções que permitam ampliar a sua capacidade de produção. Por exemplo, o armazenista online OCADO suspendeu todos os pedidos de produtos, até satisfazer os já existentes. Outros marketplaces estão a virar-se para a tecnologia, como por exemplo a JD.com que começou a utilizar drones e veículos não tripulados para entregar comida e medicamentos em Wuhan – o primeiro epicentro da epidemia. Para aprender a criar marketplaces clique aqui,
Em relação à logística e armazéns, temos um dado interessante vindo dos Estados Unidos (que se aplica a outras geografias) que tem a ver com um aumento de 1677% nas ofertas de emprego para operador de armazém, o que reflete a azáfama que por lá se vive.
Farmacêuticas
As empresas farmacêuticas vão, naturalmente, desempenhar um grande papel na luta contra o Covid. A Gilead, por exemplo, que detém os direitos do medicamento Remdesivir; A Moderna, que está activamente a trabalhar numa vacina. A Roche, um fornecedor gigantesco de kits de teste, e a Fujifilm, que produz o medicamento Avigan – todos eles pelas piores razões estão condenados ao sucesso. Considere abrir uma farmácia. Pode aprender como aqui,
Logística e Transporte
Com as pessoas de todo o mundo confinadas em casa, os produtos e serviços vão necessitar de ser entregues ao domicílio. Cainiao, a firma responsável pelos transportes e logística do gigante Alibaba lançou “The Green Channel Initiative” em 25 de Janeiro deste ano como resposta à procura acentuada de roupa e material protectores e equipamento médico, especialmente para os profissionais na linha da frente do surto na província de Hubei. Em apenas 9 dias a Cainiao recebeu mais de 7.000 chamadas e enviou mais de 5 milhões de produtos médicos para Wuhan e as cidades vizinhas.
Softwares de Video Conferência
Uma das empresas de software de videoconferência a beneficiar mais com o surto foi a Zoom. As vendas da companhia subiram mais de 50% em 2020. A Webex, da Cisco, Skype e o Microsoft Teams também estão a assistir a subidas colossais em vendas. A maior parte destes softwares de videoconferência estão a oferecer descontos especiais nesta fase da pandemia.
Plataformas de Streaming e de Vídeojogos
Plataformas como a Netflix, Amazon Prime Vídeo, HBO e Disney – todas relatam aumentos no número de assinantes, uma vez que as pessoas passam mais tempo em casa. As plataformas ou sites de vídeojogos também estão a beneficiar.
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Os perdedores
Quanto aos perdedores, o cenário é negro. Muitas administrações deste tipo de negócios vão ter que fazer um esforço superlativo para suportar as perdas. Mesmo que sobrevivam, muitos ficarão com prejuízos a longo prazo. A estratégia natural nestes setores será a de reduzir custos, e estarem prontos para regressar assim que a pandemia passar.
Companhias Aéreas, Ferroviárias, e Navios de Cruzeiro
Globalmente, as companhias aéreas já fixaram o apoio que irão necessitar durante a pandemia, cifrado em $200 biliões de dólares (só para esta emergência). Só a Boeing já pediu $60 biliões para apoio aos fabricantes tendo em conta a falta de procura internacional pelas suas aeronaves. A Norwegian já cancelou 85% das suas rotas e colocou em layoff 90% dos colaboradores. A Virgin Atlantic tenciona parquear 85% da sua frota durante este mês de Abril, e está a pedir ao staff para tirar 8 semanas de férias sem remuneração para evitar o despedimento colectivo. A IAG, companhia pertencente ao mesmo grupo da British Airways, Iberia, Aer Lingus, Level e Vueling vão baixar a produção em 75% em Abril e Maio, enquanto a Air France-KLM Group pretende fazer o mesmo, mas ordem dos 80 a 90%. A maior parte dos cruzeiros de navio cancelaram as viagens, e a insolvência é o caminho mais provável para alguns deles.
Turismo
A US Travel Association calcula que perto de 5 milhões de empregos irão ser perdidos neste setor. Isto representa mais de 25% dos 15.8 milhões de americanos que trabalham no setor. A situação é igualmente precária em outras geografias. Por exemplo, todos os resorts de esqui em Itália e França, Áustria e Suiça estão totalmente encerrados durante este período.
Combustíveis Fósseis (Petróleo e gás)
No dia 1 de Janeiro, um barril de crude custava $67.05 dólares no Nasdaq. No preciso momento em que estamos a escrever, estava a ser transaccionado por cerca de $26 dólares o barril. O que quer dizer que as reservas de petróleo das companhias petrolíferas valem hoje muito menos (menos de metade) do que no início do ano. O valor de gigantes como a BP refletem esta situação. A 19 de Março, a BP valia apenas 51% do que valia no início de Janeiro.
De acordo com a Agência Internacional para a Energia, a procura de petróleo a nível internacional baixou pela primeira vez desde 2009. O contraste é notório entre aquilo que a agência previa em Fevereiro (aumento anual de 825.000 barris por dia).
Bancos de Investimento
Centenas de banqueiros que se dedicavam ao investimento estão destinados a perder os seus empregos. As acções de instituições financeiras de topo como a JP Morgan Chase, Bank of America e Citigroup desceram todas mais de 30% desde Janeiro. O Financial News falou com banqueiros séniores em Londres que previram um corte nas comissões de cerca de 50% nos primeiros 6 meses de 2020. Isso significaria uma perda de cerca de 10.7 biliões de dólares em faturação – o pior semestre desde 2009.
Retalho Tradicional
Com toda a gente confinada às suas casas, não faz muito sentido manter a maior parte das lojas abertas – os retalhistas tradicionais. A maior cadeia de centros comerciais dos Estados Unidos (a Simon Property) anunciou a 18 de Março que iria fechar todos os seus centros comerciais. Foram tomadas decisões semelhantes na Europa e na Ásia. Exceptuando os supermercados e as farmácias, vai demorar bastante tempo até que o retalho tradicional recupere.
Desporto profissional e entretenimento
A Itália, o país mais duramente atingido pelo vírus, cancelou todos os eventos desportivos. A França, a Espanha, a Alemanha, e o Reino Unido rapidamente seguiram o exemplo italiano. A Copa América deste ano e o Euro 2020 foram também adiados para 2021.
A Liga norte americana de futebol, a NBA, e a Liga de Hóquei suspenderam as suas temporadas, e restringiram o acesso aos balneários aos jogadores e funcionários essenciais. A Liga das Nações Africana 2020, foi adiada indefinidamente. Interrupções longas significam grandes perdas financeiras para os canais desportivos, e o ecossistema de TV por cabo, porque era precisamente o desporto que alimentava as horas em frente ao ecrán.
Cinemas
Os analistas predizem que a indústria global do cinema enfrenta um corte de $5 biliões de dólares nas receitas de bilheteira,e restrições à produção. O prejuízo poderá ser ainda maior, se mais países forçarem as pessoas a ficarem em casa, fechando os espaços públicos.
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Os imprevisíveis
Estes setores irão provavelmente entrar em dificuldades, se continuarem como estão. Muitas empresas irão falir, ainda que alguns adaptem os seus modelos de negócio para tirar vantagem das novas oportunidades. Em alguns casos, isto irá até lanças as bases para um sucesso a longo prazo.
Bancos
A maior parte dos bancos irá perder dinheiro porque indivíduos e empresas irão ter dificuldade para pagar os seus empréstimos. O risco de crédito mal parado é grande. Se a economia mundial entrar em recessão, o que parece muito provável, o mercado para produtos financeiros também irá cair.
Os bancos podem, no entanto, criar boas relações com negócios que necessitam de assistência (como é o exemplo das recentes linhas de crédito especial para empresas), dando espaço ao aparecimento de novos clientes. Muitos bancos, incluindo o Barclays, Santander, e a RBS já estão a disponibilizar empréstimos de emergência a negócios em risco. Muitos consumidores irão necessitar de soluções temporárias – o que pode suscitar um pico na procura por empréstimos de média e pequena dimensão.
Cuidados de Saúde
Alguns intervenientes neste setor trazem novas ideias que podem melhorar os cuidados de saúde e sobreviverão. Outros irão ser empurrados para além do precipício e nunca se reestabelecerão.
A empresa digital chinesa Baidu (responsável pelo motor de busca chinês do mesmo nome) está entre aqueles que foram rápidos a inovar em situação de crise. Lançou uma aplicação denominada “Fight Pneumonia” para ajudar o público em geral a ter informação em tempo real sobre a pandemia. Também está a oferecer grátis a sua plataforma online para que os doentes de Covid 19 possam receber consultas dadas por profissionais. O resultado foi que 100.000 médicos de toda a China acorreram para prestar online os primeiros cuidados de saúde.
A Baidu também disponibilizou uma unidade inteligente de cuidados de saúde que responde a questões habituais através de um chatbot. Este chat bot faz chamadas automáticas para as pessoas para saber como estão, se viajaram recentemente, condições de saúde e contactos.
Fabricantes
Muitos fabricantes vão passar por maus momentos, quando deixar de haver procura para os produtos que fabricam. Contudo, os fabricantes mais flexíveis poderão reformular a linha de produção para responder a outro tipo de procuras, como por exemplo, as máscaras de protecção, viseiras, gel desinfectante, etc. . Por exemplo, o fabricante chinês de automóveis BYD passou a produzir este tipo de artigos, em vez de carros. Foi uma das 2500 empresas chinesas a responder ao apelo do presidente Xi Jinping a uma “guerra sem tréguas” contra o vírus.
A General Motors, a Ford e a Tesla estão a pensar produzir ventiladores especialmente depois dos avisos do presidente americano Donald Trump. A LVMH, o fabricante de produtos de luxo por detrás de marcas como a Louis Vuitton, Christian Dior e Givenchy também vai mudar a sua linha de produção, para passar a fazer gel desinfetante, e estima produzir cerca de 12 toneladas só na primeira semana de produção. A LVMH está a oferecer o produto às autoridades francesas para que estas o disponibilizem nos hospitais, sem cobrar nada por isso.
Educação
A maior parte das escolas, universidades públicas e privadas, fecharam as portas. Mas não necessariamente o seu labor. À medida que mais e mais gente fica confinada nas suas casas, há uma oportunidade de ouro para as instituições de ensino expandirem e aperfeiçoarem a sua atividade online.
Na China, Kuaishou, uma rede social de vídeos avaliada em $28 biliões de dólares, promoveu recentemente aulas de educação online para mitigar o fecho de escolas e universidades. Esta companhia e outras plataformas de vídeo associaram-se ao ministério da educação para a implementação de uma cloud de ensino online disponibilizada aos estudantes.
A universidade de Zheijang, uma das principais universidades chinesas, iniciou oficialmente o ensino online a 24 de Fevereiro – em linha com o término do ano escolar. Isto abrange todos os alunos da universidade, e não só: muitos cursos estão abertos a qualquer pessoa inclusivé não chinesa. Após 2 semanas, esta universidade já oferecia mais de 5000 cursos. 2500 alunos licenciados irão defender as suas teses na Primavera online, com uma apresentação oral diante do júri conforme planeado.
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